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terça-feira, 4 de novembro de 2008


Trio Curupira


Quando um grupo se propõe a se aventurar por um campo como a música instrumental brasileira e não querer ser rotulado de erudito, como a maioria é classifica, precisa-se chegar com uma proposta muito inovadora e talentosa. Por que não é fácil em um país como o nosso, que não possui uma cultura de ouvir música instrumental, sem ser de relaxamento, elevador ou situações neutras, lutar para tirar o estigma e conseguir mexer com as pessoas.
Dentro deste contexto nasceu, em meados de 1996, de um feliz encontro dos jovens músicos e compositores do estado de São Paulo: André Marques, Cleber Almeida e Fábio Gouvêa, o Trio Curupira. Tendo por base a genuína música do Brasil, percorrendo todos os ritmos e todas as "cores", para tentar eliminar qualquer fronteira entre o estilo popular e erudito. "Não importa se a música é clássica, popular, MPB, americana, árabe ou caribenha. Queremos fazer uma música pura, sem rótulos; priorizando nossa raiz cultural", justifica André Marques.
O nome do grupo foi escolhido, por se referir ao personagem mítico do folclore brasileiro encarregado de proteger as florestas e os animais. O trio assumiu uma missão semelhante: a defesa da música e da cultura brasileira. "Começamos com uma concepção totalmente centrada na música brasileira, mas percebemos que somos contra os preconceitos musicais.”
E mesmo assim não se consegue fugir totalmente da cultura brasileira, que por ser fruto de uma grande miscigenação cultural, possibilita a mistura de vários elementos de culturas tão distintas como a indígena, a africana, a européia e a árabe, entre outras.
"Poucos tiveram interesse em explorar esse assunto, inserido em todos os segmentos de nossa cultura. Queremos levar ao público - através de sons conseqüentes da nossa pluralidade cultural herdada - uma música ímpar e original, que só o Brasil possui", explicam.
Mas como representar toda essa mistura de particularidades, tão natural da nossa cultura, em forma de música? A resposta está em outra característica fundamental do trio: a enorme variedade de timbres usados, tanto nos shows, como nas gravações, devido a grande troca de instrumentos feita por eles. Em suas apresentações são usadas tanto a formação tradicional de trio (piano, baixo e bateria), como outras usando flautas, cavaquinho, guitarra, percussão, escaleta, gaita, entre outros instrumentos, que dão ao grupo uma grande liberdade de expressão.
O trio lançará seu novo CD “pés no Brasil cabeça no mundo” ainda esse mês e já teve indicação para o Grammy Latino de 2008, concorrendo ao prêmio de melhor álbum de música contemporânea regional ou de raízes brasileiras de 2008. A cerimônia será realizada no dia 13 de novembro e o trio vai concorrer com nomes como Elba Ramalho, Trio Virgulino, Harmonia do Samba e Victor & Léo.
A indicação já é uma vitória pelo reconhecimento de uma produção tão sério, de comprometido tanto musical quanto ideológico, que pode servir de estímulo ou até mesmo impulso para outros músicos, que desenvolvem trabalhos importantes para a música mas menos comerciais, a não parar de cavar o merecido espaço da música instrumental brasileira para o grande público.

Trio Curupira em Bahia Blanca - Argentina

Postado por Nathália Cunha às 16:10